Meninos e Meninas

Por Luiz Henrique

Desde muito cedo, somos ensinados que meninos humanos são de uma determinada maneira, se comportam de um certo jeito, etc. e meninas são e se comportam de outra. Sabemos que há muitas nuances nestes comportamentos e nem tudo é tão preto e branco. Isso é assim em muitas espécies que têm este tipo de separação de gênero. Meninos (típicos) são de um jeito, meninas (típicas), de outro. Entre mamíferos sociais, machos tendem a ser maiores e mais fortes do que as fêmeas. Precisam competir uns com os outros pela atenção das fêmeas e expulsar invasores, demarcando seus domínios. Precisam convencer as fêmeas de que são capazes de proteger sua prole. Isso é verdade para muitas (mas não todas) espécies. Em ratos, as diferenças entre machos e fêmeas vem de seu comportamento selvagem, obedecendo às regras da seleção natural. Porém, nestes últimos cem anos, modificamos muito os ratos, interferindo com sua evolução natural. Hoje, a diferença entre ratos de laboratório e ratos selvagens é quase tão grande quanto a diferença entre cães de companhia e lobos. Domesticamos cães há muito mais tempo, mas a vida curta dos ratos e o tamanho de suas ninhadas permitem uma interferência muito mais rápida. Ratos machos selvagens são extremamente territorialistas e agressivos. Ratos machos de laboratório são adoráveis coisas fofas. Quem está acostumado com outros roedores, sabe que os machos destas espécies (como hamsters sírios, por exemplo) são mais mal-humorados e têm cheiro mais forte do que as fêmeas. Isto não é verdade, normalmente, para ratos. Meninos são mais tranquilos do que meninas. Não se engane, ainda são ratos, mas são mais tranquilos. Aqui em casa, nossos meninos são arteiros e exigem bastante atenção, quando estão soltos. Mas as meninas… A gente não pode descuidar um segundo. Elas são terríveis. Curiosamente, as pessoas preferem fêmeas a machos. Isso é uma coisa que leio de criadores pelo mundo. As pessoas preferem ratas a ratos. Acredito que é um pouco de preconceito. Se você está pensando em ter ratos pela primeira vez, sugiro que pegue machos. São mais fáceis de lidar. Assim, quando decidir ter fêmeas, terá mais experiência. Mas cada pessoa tem sua preferência, quando o assunto é o jeitão do seu bichinho de estimação. Minha intenção com este texto é ajudar você a se decidir melhor, caso esteja pensando em ter ratos, ou a se relacionar melhor com seus companheiros, caso já os tenha.

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Sati (à esquerda) e Thor (à direita), posando para a foto (na verdade, comendo o petisco em cima da xícara).

Vamos começar pelas diferenças anatômicas. No seu passado selvagem, ratos organizavam suas colônias de maneira que machos ficassem longe uns dos outros, em territórios bem definidos, onde moravam suas fêmeas. Então, havia competição pelos territórios e pelas fêmeas. Vencia o rato maior, mais esperto e mais pesado. Com o tempo, os machos ficaram muito maiores do que as fêmeas. Aqui em casa, os dados são os seguintes. Nosso menino mais pesado é o Tyr, com 576g. O mais leve é o Thor, com 510g. Nossa menina mais pesada é a Sol, com 396g. A mais leve é a Sáti, com 262g. É interessante notar que Sol, Tyr e Thor são filhos da Sáti. Também, veja que a menina mais pesada ainda é muito mais leve do que o menino mais leve. Os meninos são muito maiores do que as meninas. Até mais ou menos quatro semanas de vida, os filhos da Sáti não apresentavam essas diferenças de peso entre meninos e meninas. Mas havia outras mais aparentes. Machos não têm mamilos. Isso é mais fácil de observar naquela fase em que ainda não apareceram os pelos – as borrachinhas rosas. Também, a distância entre ânus e a genitália é maior nos meninos do que nas meninas. Os meninos precisam de espaço para acomodar os enormes testículos que terá no futuro. Aliás, o tamanho exagerado dos testículos dos ratos é devido à interferência humana em sua evolução (comentarei mais sobre isso em outra oportunidade). Um bom criador deve saber muito bem essas diferenças e separar meninos e meninas na hora certa. Se os meninos forem separados de sua mãe tarde demais, logo aparecerão muitos outros ratinhos – as meninas estarão prenhas. Além de ser um problema de superpopulação, não é saudável para as meninas terem filhotes muito novas. Elas ainda não estão prontas. Se forem separados cedo demais, terão problemas de desenvolvimento social. Os ratos, tanto meninos quanto meninas, aprendem muito sobre a vida e a como se comportar, com sua mãe, no final da infância. É uma fase crítica em que os filhotes precisam ficar com a mãe. A separação prematura é muito traumática e pode levar a distúrbios como depressão. Além disso, criança precisa mamar o máximo possível. Isso é verdade para todos os mamíferos.

Vamos a diferenças que podem afetar na decisão de levar meninos ou meninas para casa. Aqui em casa, abro a gaiola dos meninos e eles se esticam para que você os tire e os ponha no colo, ou no ombro. Quando abro a gaiola das meninas, alguém se atira no meu colo, outra sobe na porta e escapa, outra tenta pular no sofá e eu gostaria de ter oito braços. Elas são ativas, curiosas, exploradoras e brincalhonas, mas não param quietas. E pelo que sei, vão continuar assim, pelo resto da vida. Meninos são ativos quando crianças, mas acabam por se acalmar. Em um dia mais tranquilo, você pode conseguir que seu meninão fique em seu colo, relaxado. Os meninos são um pouco mais porquinhos do que as meninas, porque fazem xixi por tudo. Mas se a gaiola for mantida limpa, eles terão um cheiro bom, levemente almiscarado. Já as meninas são asseadas. Normalmente, não têm um odor característico. Mas quando estão no cio, emitem um cheiro maravilhoso. É um perfume doce, não sei descrever. Acredite, é muito bom. Isto é uma outra diferença interessante entre meninos e meninas. Os meninos são mais ou menos do mesmo jeito o tempo todo, com as variações naturais de humor. Já as meninas, têm ciclos. Ficam impossíveis quando estão no cio, mal-humoradas no dia seguinte e normais (ou seja, apenas terríveis) nos outros dois ou três dias.

Também devemos observar como ratos se comportam com outros ratos. Machos vivem bem em grupos, desde que sejam parentes. É possível que surja uma amizade entre ratos de famílias diferentes, mas essa não é a regra. Em casa, Odin e seus cinco filhos vivem em harmonia, na mesma gaiola. Mas não arrisco a colocar o Phobos e o Deimos (que foram adotados depois) na mesma gaiola deles. Não dá certo. Mesmo que consigam conviver, a introdução de machos estranhos desestabiliza toda a hierarquia da colônia, que é delicada. Entre as meninas, existe hierarquia, mas são um pouco mais tolerantes à presença de estranhas. Assim, pensando a longo prazo, se você escolher ter machos, pode ser difícil apresentar novos machos a eles, caso queira. Tendo fêmeas, as chances de uma apresentação tardia dar certo são maiores. Não podemos ignorar as origens selvagens de nossos amigos. Machos são acostumados a conviver com várias fêmeas e não com outros machos, exceto possivelmente, seus parentes próximos. Fêmeas são acostumadas a conviver com outras fêmeas. Note que, no caso selvagem, conviver significa morar perto e não na mesma toca. Mas a domesticação para a vida no laboratório mudou um pouco este cenário.

E há a questão da saúde. Alguns machos podem apresentar excesso de testosterona. Além de um óleo esquisito, alaranjado, em seu pelo, podem apresentar grande agressividade, tanto contra humanos, quanto contra outros ratos. É uma condição séria que deve ser tratada como problema de saúde. Em alguns casos, o problema é resolvido com a castração. Mas não há garantias de que isso resolva. Não podemos esquecer de que uma castração é uma cirurgia séria, que tem seus riscos. Mas, às vezes, não há outra maneira. Fêmeas que nunca cruzaram podem ter tumores nas mamas e na hipófise. Em algumas linhagens, os índices de incidência são altos, podendo chegar a mais de 70% das fêmeas. A maioria dos tumores é benigna, mas uma certa parte é maligna. Novamente, a solução pode ser a esterilização. Novamente, isso reduz as chances, mas não as elimina. Quanto mais cedo for feita a esterilização, menores são as chances de tumores aparecerem, mas elas existem. Então, ficamos com a dúvida. Fazer a esterilização significa submeter nossa menina a uma cirurgia arriscada, para prevenir algo que não sabemos se vai ou não acontecer e nem se vai dar certo. Não fazer a esterilização significa que, caso os tumores de mama apareçam, será necessário fazer várias cirurgias de menor risco, mas em uma fase delicada da vida – a velhice. A esterilização não é uma cirurgia “necessária”. Pode ser feita agendando-se com antecedência. Ou não ser feita. A cirurgia para a retirada de um tumor de mama é necessária e, normalmente, não dá pra ficar pensando muito. Tem que ser feita o mais rápido possível. Já os tumores de hipófise, estes não dá pra operar. Para decidir se vale ou não a pena fazer a esterilização preventiva, o ideal seria saber a origem da menina, sua linhagem. Assim saberíamos se é pouco ou muito provável que tenham tumores. Porém, com os ratos de estimação que temos por aqui, isso é quase sempre impossível.

A mensagem que gostaria de deixar é que tanto meninos quanto meninas têm seu charme. Assim como algumas pessoas preferem gatos a cachorros, ou vice-versa, algumas pessoas podem preferir a energia das meninas ao tamanho dos meninos – ou a calma dos meninos aos pequenos furacõezinhos das meninas. Não podemos esquecer, entretanto, que meninos e meninas têm necessidades diferentes, comportamentos próprios diferentes, que devem ser respeitados e problemas de saúde diferentes, para os quais você deve estar preparado.

E você, prefere meninos ou meninas? Deixe seu recado ou conte sua história.

Quando o assunto é ratos, eu gosto de meninos e meninas.

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22 respostas a Meninos e Meninas

  1. Débora diz:

    Eu tenho dois meninos, ainda filhotes com 2 meses e meio. Mês que vem vou adquirir mais um menino, um hairless, e espero que pelo fato dos dois que tenho ainda serem novinhos, eles aceitem bem o novo companheiro. Mas os meu são muito calmos, afetuosos e apegados comigo. Adoram um carinho! Eu só sei que minha preferência é por meninos, sem dúvida nenhuma.

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    • Olá Débora. As meninas daqui também são afetuosas. A Sáti, por exemplo, me lambe aos montes, quando chego perto da gaiola. Elas são super fofas, mas são levadas. O apelido dela é “baixinha terrível”. É aquela menina fofinha de quem você não pode tirar o olho, senão apronta. Com relação à apresentação do novo companheiro, acho que você não deve ter dificuldades. Nessa idade eles ainda são meio crianções e, até onde sei, aceitam bem, mais gente na família. Eu, particularmente, acho que três é melhor que dois. Se são só duas pessoas e uma delas discute com a outra, vai reclamar para quem? É bom ter mais alguém. Desejo sorte na apresentação!

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  2. Bruna diz:

    Tenho um ratão macho. Um dengo! Bem manso, dorme no colo se deixar…sempre foi assim. Nem pensei em macho ou femea na hora de escolher, acabei levando ele porque gostei do padrão da pelagem (hoje sei que é um “hooded” hahahahaha)

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    • Olá Bruna. Eles são mesmo muito bonitos. Esse padrão “hooded” foi responsável pelo início do interesse no estudo científico da genética deles. De certa forma, isso contribuiu para que hoje eles sejam bichinhos de estimação. Dê um apertãozinho no seu ratão por mim.

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  3. Lidia diz:

    Tenho dois meninos irmãos de quatro meses, estou planejando adotar outro ratinho em julho. Você acha que seria complicada ou até impossível a adaptação?
    Parabéns pelo textão!

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    • Lidia diz:

      Nossa desculpa, era pra ser texto e não textão (Corretor maravilhoso -.- )

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      • Olá Lidia. Esses corretores… Hehehehe. Obrigado do elogio. Vamos à sua pergunta. Com quatro a cinco meses, os meninos ainda são novos e há mais chance de uma apresentação dar certo. Porém, sempre existe a possibilidade de não dar. Você tem que estar preparada para isto. Se você adotar mais um ratinho e não der certo, ele vai ficar sozinho. E você vai ter duas gaiolas para cuidar. Se você não pode cuidar de duas gaiolas, seria bom repensar sua decisão. Se pode, seria bom adotar dois meninos. Se as apresentações derem certo, ficam quatro rapazes na mesma gaiola. Se não der certo, ninguém fica sozinho.

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  4. Mariana Rodrigues diz:

    Amei o texto! Vocês explicam tudo direitinho pra gente. Fiquei feliz em saber que os meninos são bem amorosos, eu também pensava que os machos eram mais mal humorados que as fêmeas. Eu vou adotar 3 machos Roan Husky e fiquei bem mais animada ao saber dessa notícia.

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    • Legal que você gostou, Mariana. Você vai ver como os meninos são fofinhos. São mais porquinhos, mas são uns amores 🙂 Quando tiver histórias legais com eles, conte pra gente! Felicidades para vocês.

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  5. Olá, estou gostando bastante do blogue de vocês 😊
    Eu estou a 5 dias com duas ratinhas (de Pet shop), elas ainda estão medrosa, não saem da toca por nada perto de mim e mordiscam o dedo se você coloca perto do focinho (medo disso!), estou preocupada de ter pegado elas muito tarde (elas tem 3 meses) ou de estar fazendo algo errado.
    Eu tenho sempre que levantar a toquinha, pegar meio que a força em alguns dias elas ate dormem no colo, em outros elas se escondem de mim (em mim mesma da pra entender kkkkk, tipo atrás das costas pq pego elas e levo pro sofá ). Devo continuar assim? Tiro elas da gaiola no mínimo 2 vezes no dia e passo meia hora mais ou menoscom elas, tem dias que estressa mais outros ficam mais curiosas e não aceitam comer petiscos na minha mão.
    Obrigada !!

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    • Olá, Mulher Alfa. Ratos vindos de pet shop normalmente são mais medrosos, mesmo. Essas mordiscadas podem ser mordidas de aviso, do tipo “aqui é minha casa”. A única maneira delas se acostumarem com você é pegando, mesmo. Só preste atenção a alguns detalhes, que podem causar medo nelas. Procure não passear com elas em um lugar muito iluminado. Humanos têm medo do escuro. Ratos têm medo do claro. Também, procure fazer isso em um lugar que não tenha barulhos, principalmente se forem “repentinos”, como coisas caindo ou portas batendo. Se não for possível, coloque uma música calma, não muito alto. Isso pode mascarar esses barulhos, fazendo com que elas se assustem menos. Outra coisa é procurar respeitar os horários de sono delas. Uma dica para elas se acostumarem mais rapidamente com você é a seguinte. Elas gostam de tecidos para fazer um ninho quentinho. Então, peque um pedaço de tecido que você daria a elas e coloque junto a seu corpo. Passe o dia com ele. Ele vai pegar o seu cheiro. Dê a elas para fazer o ninho. Elas vão dormir sobre algo que tem seu cheiro, fazendo com que o associem a segurança. Boa sorte!

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  6. Adriana diz:

    Eu tenho dois machos, Pink e Floyd. Não sei exatamente que idade eles têm, pois os comprei em loja. Eram pequenos quando vieram, há um mês atrás, cabiam na mão. De umas duas semanas para cá aparecem com frequência umas manchas melecadas nas costas deles. Dos dois. Achei que fosse xixi, porque dormem amontoados e poderiam estar urinando um no outro. Será que pode ser o tal óleo do excesso de testosterona? Eles devem estar com cerca de três meses, adolescentes, portanto, com os hormônios descontrolados… Esse excesso pode fazer-lhes mal? Existe alguma mudança na alimentação ou algo assim que se possa fazer para minimizar isso? Não pretendo castrá-los, pois acho isso bizarro.

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    • Oi Adriana.
      Pode ser alimentação. É raro que tenham tanta oleosidade devido a testosterona, sem serem muito agressivos. Qual é a alimentação que você oferece a eles?
      Mesmo que seja excesso de testosterona, não recomendamos a castração. Isso deve ser feito apenas em casos extremos, em que a qualidade de vida do ratinho esteja muito prejudicada. Como diz o nosso veterinário, “cirurgia é para consertar o que não funciona e não para estragar o que funciona”. Concordamos com ele.

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  7. Adriana diz:

    Oi, Luís,
    eles não são nada agressivos.
    Dou uma base de ração (um ou dois punhados por dia) e estou experimentando outras coisas para ver o que eles gostam. Até agora gostaram de mamão, pimentão, casca de banana, arroz e batata cozidos, cenoura ralada e abóbora. Não ligaram muito para ovo, tomate, maçã, amêndoa, castanha de caju, pão seco, cenoura em pedaços, banana, vagem. Ignoraram totalmente morango, amora, framboesa, rúcula e rabanete. Deixei-os lamber alucinadamente um pote de sorvete no ano novo, mas foi só uma vez. Ficaram totalmente alucinados também com queijo prato, mas dei uma vez só porque acho que eles tiveram gases. Ficaram bem agitados depois. Comprei a ração junto com eles. É para “pequenos roedores” e tem uns pellets verdes grandes com uns laranja bem pequenos, mais um pouco de sementes de girassol, de abóbora e ervilhas partidas. Segundo o rótulo, tem 5% de extrato etéreo, que se eu lembro inclui todas as gorduras. Achei-os meio preguiçosos: a cenoura, por exemplo, fez sucesso raspadinha, mas se eles precisam mastigar já não é tão do gosto deles. A própria ração eles roem por um tempo e depois parece que cansam.

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    • Oi Adriana.
      Essas rações para “pequenos roedores” não são apropriadas para ratos. O fato é que poucas pessoas têm ratos de estimação aqui no Brasil. Assim, “pequenos roedores” significa, normalmente, hamsters, porquinhos-da-índia, etc. Esses roedores são herbívoros, ao contrário dos ratos, que são onívoros. A dieta deles é bem diferente. Um dos fatores é a necessidade de óleos, grande nesses pequenos roedores e não tão grande nos ratos. Esse adicional de óleo na dieta pode estar causando a secreção que comentou.
      O ideal é usar uma ração própria para ratos. Pode ser a famigerada labina (que eles não gostam muito), a Equilíbrato ou a Nutrópica para twisters. Como são bem balanceadas, dê complementos mais raramente, duas ou três vezes por semana, em pequenas quantidades. Note que os ratos têm um paladar bem refinado. Aqui em casa, a gente pode dar cenoura de qualquer jeito – ninguém nem encosta. Não é comida. Rúcula é aceita por todos. Já a banana, tem os que gostam, tem os que não ligam. Agora, ovo é amado por todo mundo. É como em humanos – eu conheço um sujeito que não gosta de chocolate.
      Evite algumas das comidas que mencionou. Milho cru tem um fungo que é cancerígeno para ratos. Se for dar maçã, tenha certeza de não ter ido nenhuma semente, pois são venenosas. A castanha-de-caju também tem um veneno que é tolerado em pequenas doses, mas pode fazer mal a longo prazo. Isso também é válido para a maioria das raízes, como batata e rabanete, que podem até ser oferecidas, se estiverem bem cozidas. Pimentão causa gases, o que, no caso dos ratos, pode ser perigoso, uma vez que não conseguem arrotar. Evite frutas muito ácidas. As cítricas são proibidas para os machos, pois têm um componente que interage com seus hormônios, tornando-se cancerígeno.
      No caso de escolher Equilíbrato ou Nutrópica, é interessante fornecer periodicamente um pouco de proteína animal rica em arginina. Pode ser frango cozido ou larvas de tenébrios. Temos feito isso uma vez por semana e a saúde deles tem melhorado significativamente.
      Outro ponto que acho que seja de seu interesse ao escolher uma ração, é que todas têm organismos transgênicos, exceto a Nutrópica. Isso faz com que seja mais cara. Eu não quero discutir a segurança de transgênicos aqui (pelo menos por enquanto). Mas acho importante que as pessoas saibam o que estão consumindo.
      Caso estejam muito melecados, você pode limpar seus meninos com um lencinho umedecido, desde que não tenha perfume.
      Com a ração apropriada, você vai ver que a preguiça desaparece 🙂

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      • Adriana Velly Perlott diz:

        Muito obrigada. Que pena que pimentão dá gases, porque eles adoram. Eu nunca dei milho pra eles, mas é bom saber que não pode. Eu não sabia. Nossos colonos ficariam bem faceiros se os ratos silvestres também passassem mal ao comer milho… Da semente da maçã eu sabia, só dei a parte com a casquinha. E sabia da questão com a gordura, mas achei que 5% fosse pouco, ainda mais que parte disso que diz no rótulo não é assimilável… na verdade quando eu olhei rótulo fiquei mais atenta aos ingredientes que eles não devem comer. Várias têm alfafa. Não vi nenhuma ração só para ratos aqui perto de casa, mas minha filha está em férias e pode procurar nas maiores no centro da cidade.
        Como os ratos que eu conheci até hoje comem até sabão não imaginava que seus primos ricos fossem tão exigentes.
        Quanto a transgênicos, ainda há muita controvérsia sobre o mal que eles podem causar à saúde e ao meio ambiente. Fora que é muito difícil que plantas de polinização cruzada, como o milho, que ratos domésticos não comem mas nós comemos de montão, não tenham suas flores convencionais polinizadas por pólen transgênico do vizinho. Soja é autofecundante, não corre esse risco. E algodão não é comida. Só o óleo. O grande nó do transgênico, que ninguém fala, é a segurança nacional: o Brasil é movido a soja, e a soja não é nossa. A EMBRAPA tem variedades transgênicas, mas não estou segura de que a patente pertença a eles. Fora que a penetração dos laboratórios estrangeiros é muito grande, pela sua publicidade e pelo alcance de seus vendedores. Talvez os lavradores obrigados a pagar royalties estejam começando a perceber o tamanho da fria em que entraram. Desde o alvorecer do transgênico, ainda no século passado, minha opinião é que o objetivo da discussão do jeito que foi feita era achar um judas muito mais do que realmente proteger os indivíduos e o país.
        Então eu evito transgênico na medida do possível, mas sem stress porque não acredito na seriedade da rotulagem. Mel orgânico, por exemplo, não pode ter lavouras transgênicas a 3km das colmeias, só que a apicultura de grande produtividade é itinerante. E eles não podem receber os vidros de volta. Francamente, jogar um monte de vidros no lixo é muito mais daninho do que uma lavoura transgênica a 2km da colmeia.
        Voltando aos ratos, Uma coisa curiosa é que essas manchas aparecem sobretudo quando os ponho no box do banheiro para limpar a gaiola deles. Ponho um pote com água em cima do ralo e fecho o vidro. Eles só alcançariam o sabonete e o shampoo se voassem, e mesmo assim ficam com os pêlos das costas grudados. É uma coisa que sai com um pano úmido e um tiquinho de nada de sabonete. A segregação dessa gordura aumenta se eles ficam estressados? Aliás, de onde vem isso? Dos poros? De alguma glândula especial? Porque as marcas ficam longe de qualquer abertura natural de seus corpinhos.

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        • Oi Adriana. A questão do milho cru é que ele tem um fungo que causa câncer. Porém, os tumores começam a aparecer depois de um a dois anos de idade. Como a expectativa de vida de um rato silvestre é inferior a um ano, eles acabam não sofrendo com isso.
          E concordo com você no caso dos transgênicos. É uma questão delicada em vários aspectos.
          Com relação ao óleo das costas, pode sim ser estresse. É um óleo que sai de glândulas sebáceas na base dos pelos. Eles não têm glândulas sudoríparas, mas tem glândulas sebáceas e algumas outras que produzem ferormônios. Eles se comunicam bastante pelo cheiro. Tem alguém para ficar com eles no box, enquanto você limpa a gaiola? Poderia reduzir o estresse. Mas, se não tiver, com o tempo eles acabam se acostumando. Só não deixe o banheiro muito claro. Eles têm medo do claro.

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          • Adriana diz:

            Eu só coloco no box quando minha filha não está. Quando está ela fica com eles, ou eu fico e ela limpa. E não tem como escurecer o banheiro, porque tem janela. Vou ver se encontro outro lugar, mas o box é o mais espaçoso que pensei. Talvez seja melhor demorar um pouco mais para limpar e evitar apavorá-los. É que eu ainda uso uma caixa plástica, então não gosto de deixar acumular sujeira porque mesmo sem tampa e tendo feito furos ela não é muito arejada. Vou fazer uma daquelas de aramado, mas tem que comprar as peças pela internet etc, ainda estou pensando como vou fazer.
            A tal ração adequada também não é muito fácil de conseguir. Substituí a outra, temporariamente, por granola, e até agora o Pink não ficou mais sujo e o Floyd só uma vez, e pouco. Mas não teve box nesses dias.
            Dei a ração imprópria pra uma moça que resgata roedores e ela vai me dar uma mão com a ração. Aos poucos as coisas vão se ajeitando. E vocês ajudam muito.

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  8. Oi Adriana. Você pode tentar comprar a ração pela Internet. A granola é uma boa saída. A gente sempre recorre a ela quando a ração atrasa, ou coisas do gênero. A caixa plástica realmente não é boa. Por mais cuidado que a gente tenha, sempre acaba acumulando amônia (da urina). Isso prejudica bastante os pulmões deles porque favorece a micoplasmose. Mas não fique muito preocupada. Essas coisas causam problemas a longo prazo. Dá pra notar que vocês cuidam muito bem dos pequeninos.
    Obrigado de dizer que ajudamos. Ficamos felizes em saber disso. Estamos aqui no que pudermos ajudar.

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    • Adriana diz:

      Botei um pano amontoado no box. Eles se escondem no meio e ficam mais calmos. Ainda aparece a tal mancha, mas bem pouquinho, muito menos do que aparecia antes.
      🙂

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  9. Anónimo diz:

    Um de meus ratos morreu e comprei mais dois porque não quis deixá-lo só e nem trazer um filhote sozinho por medo que o Floyd desse nele. Quando chegamos em casa vi que Hermes e Apolo eram na verdade Hermes e Hermione! Agora já gosto dela e não vou devolver. Não sei que idade ela tem. Tem 45g de peso. Os dois estavam juntos na loja. Qual a chance de eu não ter comprado dois ratos mas doze? Qual é a urgência em separar esses bichos se eu não quiser milhares deles em casa? Posso deixar a guria sozinha ou é melhor comprar outra (pesadelo!) fêmea para ela não ficar triste?

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